No âmbito do processo de investigação em torno das temáticas do Tempo e do Corpo, desenvolveu-se na disciplina de Artes Visuais um projeto artístico-pedagógico que expande estes conteúdos, aprofundando referências no que diz respeito à representação do corpo ao longo da História da Arte, passando pela observação crítica de obras, pelo desenvolvimento de registos gráficos individuais, até à construção de um livro em harmónio que propõe um olhar sobre as transformações de cada corpo durante o seu crescimento.
Um corpo presente. Um corpo passado. Um corpo futuro.
Começámos este processo observando um conjunto de obras de arte de diferentes períodos históricos. Através de um exercício de partilha e escuta ativa, o grupo tentou perceber quais seriam as obras mais antigas e as mais recentes.
No encontro seguinte, com fragmentos recortados dessas mesmas obras, foram convidados a criar um corpo novo, um corpo passado-futuro.
No encontro seguinte, com fragmentos recortados dessas mesmas obras, foram convidados a criar um corpo novo, um corpo passado-futuro.
"A mais antiga é aquela com a cara feita de legumes.”
“Juntar obras diferentes num mesmo corpo é juntar diferentes tempos.”
“Ele pintou-se tantas vezes.”
Numa segunda fase, observámos obras de artistas como Lucian Freud, Edward Hopper, Aurélia de Sousa e Rembrandt e focámo-nos na autorrepresentação e na relação dos artistas com a observação do seu corpo ao espelho.
Rembrandt pintou inúmeros autorretratos ao longo da vida; observámos alguns e tentámos organizá- las por ordem cronológica. Falámos sobre as transformações do corpo ao longo da vida.
“Posso desenhar tudo o que aparece à minha volta refletido no espelho?”
Nesse mesmo dia, cada criança recebeu um espelho e foi convidada, primeiramente, a um momento de observação detalhada das características do seu rosto, e em seguida, registaram graficamente a sua imagem refletida no espelho. Foi um desafio surpreendente desenhar sobre o espelho a imagem que se via e não uma ideia de corpo. Muitas crianças começaram por desenhar uma representação de corpo inteiro no espelho, ao que lhes foi questionado:
"Vês o teu corpo todo no espelho?"
Na semana seguinte, cada criança recebeu uma fotografia sua impressa a preto e branco. Numa folha de acetato justaposta à fotografia, foram convidados a pintar sobre esta, procurando as tonalidades de cada parte do rosto: da pele, dos lábios, dos olhos, do cabelo.
Não consigo fazer o meu tom de pele”
As mesmas fotografias foram entregues na semana seguinte, em formato A6. A partir destas, os alunos foram convidados a expo- las à luz e a desenhar as linhas estruturantes da imagem. Posteriormente, deram cor à composição escolhendo do círculo cromático cores opostas.
Nas sessões seguintes, tanto as fotografias como os desenhos, foram organizados cronologicamente para a criação de um livro em harmónio que espelhasse a evolução da sua fisionomia ao longo do tempo.