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Hoje falo eu – Pedro da Palma Gonçalves

pedro gonçalves

Entrevista com Pedro da Palma Gonçalves, antigo aluno da Academia

 

Academia: Gostaríamos que fizesses uma pequena apresentação de ti (quem és, o que fazes …)

– A todos endereço as minhas saudações – sou o Pedro da Palma Gonçalves, jovem jurista, jovem artista, jovem. Estudo Direito na Universidade Católica Portuguesa, que integrei após completar o 12º ano na Escola Secundária de Bocage, em Setúbal, que frequentei desde o 7º ano. Quando os Códigos me dão vazão invisto o meu tempo cultivando a leitura, a escrita, a composição e prática instrumental ou o desporto. Elegendo as 5 personalidades da História da Arte e do Pensamento que me tenham, particularmente, abraçado, os meus cavaleiros do Apocalipse seriam – sem qualquer ordem em especial, e esquecendo tantos e tantos mais – Ernest Hemingway, Eça de Queirós, Hergé, Bob Dylan e Platão.

 

Academia: Como é tiveste conhecimento da nossa Academia, e em que ano é que te matriculaste?

– A minha ligação artístico-umbilical à Academia remonta a 1999, quando tinha apenas 3 anos, e prolongou-se até ao final do 8º Grau de Piano, em 2015. Começo pela segunda pergunta conscientemente, posto que para a primeira não tenho resposta – foi por obra e graça dos meus pais, aos quais tanto devo, que ingressei na Academia.

 

Academia: Que importância atribuis ao ensino da música no desenvolvimento do ser humano?

– Meus pais, tendo plena consciência das valências ímpares que um Ensino moldado pelas Belas Artes num clima da familiaridade e afetos podem representar para um infante pupilo, procederam à minha matrícula. Abençoada hora, de facto. Dispenso a convocatória de estudos científicos para comprovar a indelével marca que uma Educação orientada para os sentidos tem na formação de um estudante – como diria Platão, na sua descrição da cidade ideal – A República – “o ensino musical deve ser universalizado pela civitas desde a mais tenra idade, pois quem será capaz de cometer, por exemplo, o crime de homicídio, após ter escutado as mais belas canções, lido os mais belos poemas, ou compreendido o mais belo aforismo?”. As Belas Artes emergem das águas calmas da Alma o que de mais profundo esta guarda: o amor e a compaixão humana.

 

Academia: Queres falar de algum momento em particular (concertos, aulas, ambiente fora da sala de aula) que te tenha marcado durante o percurso na Academia?

– Naturalmente que, desde logo, todas as tantas audições prestadas no nosso Ginásio ocupam, hoje, um lugar muito especial na minha memória infantojuvenil. Contudo, merece o meu destaque o episódio em que, no decurso de uma patética investida frontal contra um dos muros do recreio – que me deixou de sobrolho dilacerado – a professora Susana Rosa, então minha Professora Primária e, portanto, regente de toda a minha formação, me conduziu ao Hospital de São Bernardo e me acompanhou durante todo o procedimento hospitalar (que envolveu mesa de cirurgia!) até ao seu termo, quando me entregou à minha família, que não se encontrava em Setúbal. Foram momentos de notável carinho e dedicação, pelos quais o meu coração sempre velará, e que demonstram a dimensão humana das pessoas que trabalham nesta instituição.

 

Academia: Depois de teres deixado os estudos musicais na Academia, quais foram as tuas relações com a música?

– Após ter deixado a Academia, já havia contraído matrimónio com a Música. Este, enquanto vínculo tradicionalmente e tendencialmente perpétuo, implica uma plena comunhão de vida – mesa, leito e habitação. Sempre lhe tenho sido fiel. A minha prática instrumental é diariamente exercitada – não só no piano, como também na guitarra, cujas lições frequento desde 2014 -, e o meu instinto arqueológico de explorador musical fervilha mais quente que nunca. Recentemente, tive a felicidade de ser contacto por uma editora lisboeta que acreditou no meu trabalho e me dá as condições para gravar o meu material. Caso tenham interesse, pesquisem “Pedro da Palma – Amor, Tenho Pensado Em Ti” no YouTube ou dirijam-se ao meu Facebook ou Instagram, teria todo o prazer que escutassem. Mais canções, brevemente, virão.

 

Academia: Queres aconselhar-nos alguma obra musical que tenha sido importante para ti? Se quiseres também podes explicar um pouco da escolha.

– Imagino que tantos artistas pelo mundo fora tenham uma resposta idêntica, mas mentiria se me furtasse à revelação. Chopin e o seu Nocturne Op. 9 nº2 escancarou os portões da minha sensibilidade artística, de par em par. Creio que o instante em que nos questionamos se terá, de facto, sido um ser humano – alguém, aparentemente, como todos nós -, a desenhar na pauta tal etérea melodia e harmonia, é o instante em que nascemos para o mundo, e caminhamos um passo mais próximos da Verdade, se ela existir. Chopin tem algo de celestial, um sopro divino que perpassa grande parte da sua Obra e que nos trespassa, demonstrando que há tanto mais do outro lado, fagulhas do Belo, para lá da realidade fria e pardacenta da labuta diária e dos noticiários. Obrigado Professora Maria do Céu Lagos, Obrigado Frédéric Chopin.

 

Academia: Se quiseres, também podes indicar-nos algumas imagens que te tenham marcado e sensibilizado.

– A imagem, enquanto instantâneo da mente do autor, é um poderosíssimo veículo artístico – quer sob a forma motora, quer sob a forma estática. Procurarei fugir à previsibilidade das respostas, já que todos nós conhecemos a extraordinária dimensão de obras como “O Padrinho” de Coppola ou “A Última Ceia” de Da Vinci. Quanto à primeira, a amostra da 7ª Arte que proponho a todos é, nada mais, nada menos do que o Rei Leão, dos estúdios Walt Disney. A adaptação ao grande ecrã em formato familiar da tragédia Shakespeariana “Hamlet” merece a mais aguçada análise e o mais ruidoso louvor. Quanto à segunda, sugiro “O Colosso” de Goya, por ilustrar melhor do que qualquer outro a força de um povo que, mesmo na mais drástica circunstância, quando unido e galvanizado em torno de um ideal, releva-se absolutamente inquebrantável.

Amor, Tenho Pensado Em Ti – Pedro da Palma (Piano e Voz)

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